Vereadores de Rio Largo são cercados e presos na Câmara Municipal
Seis vereadores e um suplente de vereador de Rio Largo, na região
metropolitana de Maceió, foram presos por homens da Força Nacional e do
Batalhão de Operações Especiais (Bope), que cercaram a Câmara Municipal
na noite desta quinta-feira (17), durante sessão ordinária da Casa. Um
engenheiro, identificado como Ozair, e um diretor da Usina Utinga Leão,
também foram presos. Os 14 mandados de prisão expedidos pela 17ª Vara
Criminal da Capital, a pedido do Gecoc, dão ordem para prender todos os
10 vereadores do município, além de um engenheiro, um empresário e dois
diretores da usina.
A TV Pajuçara denunciou o esquema de corrupção que envolveu a
prefeitura de Rio Largo e a Câmara na venda irregular de um terreno que
seria destinado à construção de casas populares (clique aqui para assistir à reportagem).
O Ministério Público Estadual (MPE) iniciou a investigação nos órgãos
em 2010 e o promotor de Defesa do Patrimônio Público do MPE, José
Carlos Castro, ouviu integrantes do Movimento Contra Corrupção de Rio
Largo, que reforçaram as acusações.
O prefeito Toninho Lins (PSB) é acusado de vender, com o aval de
todos os vereadores, um terreno de 252 hectares, equivalentes a
2.520.000 m2, avaliado em mais de R$ 21 milhões, para a empresa MSL
Empreendimentos Imobiliários por apenas R$ 700 mil, o que confere a
cada metro quadrado o valor de R$ 0,27.
Presos e foragidos
Os vereadores presos são: Jefferson Alexandre (PP), Reinaldo
Cavalcante (PP), Ionaide Cardoso (PMDB), Aurízio Espiridião da Hora
(PP), Cícero Inácio Branco (PMDB) e Milton Pontes (PPS). Também foi
preso o suplente de vereador José Nilton Gomes de Souza - o Nilton da
Farmácia (PSB) - que assumiu o cargo em outubro de 2010, no lugar do
vereador Jean Móveis (PRP), e participou da votação que desapropriou o
terreno por unanimidade.
Todos, além do engenheiro e do diretor da usina, foram encaminhados
ao Instituto Médico Legal Estácio de Lima, na capital, para realizarem
exames de corpo de delito. Depois, foram encaminhados ao sistema
prisional do Estado: homens para a Casa de Custódia de Maceió (Cadeião)
e a vereadora para o presídio feminino Santa Luzia.
Três vereadores não compareceram à sessão ordinária da Câmara e não
foram encontrados pela polícia, sendo considerados foragidos: Luiz
Felhipe Malta Buyers, o Lula Leão (PSB), que é presidente da Câmara,
Thales Luiz Peixoto Cavalcante, o Thales Diniz (PSB), 1º secretário da
Casa, e Maria das Graças Lins Calheiros (PMDB), que está de licença
médica.
Estão foragidos ainda um diretor da Usina Utinga Leão e um
empresário da MSL Empreendimentos Imobiliários, identificado como
Marcelo Lessa, que teria viajado para a Europa na manhã desta
quinta-feira (17).
Na manhã desta sexta-feira (18), o procurador-geral de Justiça,
Eduardo Tavares, falará com a imprensa sobre a situação do prefeito
Toninho Lins, apontado como líder do esquema de corrupção.
Vereadores negam corrupção
Dentro do IML, advogados acionados às pressas aguardavam para falar
com os presos. Um funcionário da Câmara Municipal de Rio Largo também
estava no instituto e relatou que os policiais entraram na Casa durante
a sessão ordinária e proibiram qualquer pessoa de entrar ou sair do
prédio. "Eles não tinham os mandados de prisão na hora, o pessoal
chegou depois com os documentos".
Os vereadores Cícero Inácio e Milton Pontes foram os únicos que
aceitaram falar com a imprensa. Eles disseram que participaram da
votação para a desapropriação do terreno em caráter emergencial, por
causa das obras destinadas às vítimas das enchentes de 2010, que
devastou o município. "Era uma situação de emergência, cumprimos o
nosso papel de vereador naquela situação e não sabíamos de qualquer
irregularidade no processo. Se houve algum benefício a Justiça vai
provar e punir os culpados", disse Milton Pontes.
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