Por Elisângela Lopes:
Dividindo aqui com vocês lembranças de um trabalho feito em julho de 2000. Trabalho feito com pessoas que acreditam em uma Nunes Freire GRANDE.
“A função social do velho é lembrar e
aconselhar, unir o começo e o fim, ligando o que foi e o por vir”.
“A todos os cidadãos Nunes Freirenses, aos
que fizeram e a todos que fazem parte do engrandecimento deste município, com a
memória do passado, as ações do presente e o sonho de um futuro mais digno”.
Nosso trabalho foi elaborado exclusivamente a
partir de relatos dos moradores mais antigos e pesquisas e esperamos que este
contribua para eternizar as memórias de nosso povo, porque acreditamos que sem
as memórias do passado não se constrói o presente e nem se planeja o futuro.
(Os Autores)
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ORIGEM DO MUNICÍPIO:
A criação do nosso município iniciou-se na década de 60, com a chegada dos primeiros moradores, vindos de vários lugares do Maranhão e de outros estados como Paraná, Pará, Ceará, Piauí e outros. Estes fixaram moradia e foram os primeiros desbravadores das matas do que hoje é a cidade de Governador Nunes Freire.
Foram pessoas que acreditaram no município e
com seu trabalho e esperança contribuíram para o engrandecimento de nossa
cidade.
Segundo os moradores mais
antigos, o município iniciou sua formação a partir de 1961, quando o primeiro
morador, o Sr. Pedro Pitomba e sua família aqui chegaram e fixaram moradia,
onde hoje é o cemitério velho. Lá ele implantou um pequeno engenho de
cana-de-açúcar e construiu sua casa, de taipa e coberta de cavaco, como a
maioria das primeiras casas daqui foram construídas. Três anos depois, em 1964,
ele vendeu para o Sr. Brasilício e Inácia Lopes.
Em 1965 foi instalada e posta em
funcionamento a linha do telégrafo que ligava a baixada maranhense ao Pará e
formava uma encruzilhada com a BR 316, motivo este que levou o Sr. Sebastião
Araújo da Silva (Sebastião Roxo), segundo seu próprio relato a batizar o lugar
de ENCRUZO. Ele foi também a pessoa que plantou a primeira roça (arroz e milho)
juntamente com o Sr. Manuel Foboca, onde hoje é o bairro Belenzinho.
Em 31 de Dezembro de 1966, foi inaugurada a
BR 316, que liga o Maranhão ao Pará. Fato este que serviu para dar um grande
impulso ao desenvolvimento dessa região, facilitando a comercialização dos
produtos agrícolas e o deslocamento de pessoas para nossa cidade.
Ainda em 1966, chegaram Gabriel Oliveira
Costa (Patrício) e Maria de Jesus Martins. Desse casal nasceu a primeira
criança no Encruzo: Maria Gertrudes Martins Costa, no dia 17 de março de 1966.
A primeira rua a ser construída pelos moradores:
Antonio Benício, Bernadina Pereira, Antonio Santos Ribeiro e outros foi a Rua
do Evangelho.
Nos idos de 69, um grupo formado pelos irmãos
“Matos Leão” do Paraná e políticos influentes do Maranhão: Bernardo de Almeida,
Alexandre Costa e José Sarney fizeram uma sociedade e adquiriram 123.000
hectares de terra devolutas do Estado, na região do Maracaçumé para implantar
um grandioso projeto agroindustrial. Na sociedade desse grupo apareceram apenas
os irmãos “Matos Leão”, Bernardo de Almeida, Alexandre Costa e o empresário do
ramo madeireiro Emmanoel Farah, que veio do Paraná a convite dos irmãos “Matos
Leão” para fazer parte do grupo. Na época, era governador do Maranhão Pedro
Neiva.
Em 1970, Antonio Torres de Mesquita inaugura
o primeiro comércio dessa região, no qual vendia comida, bebida (cachaça),
remédios e gêneros alimentícios. Foi também um dos primeiros vereadores de
Encruzo (o mais votado).
Emanoel Farah deixou sua residência em
Curitiba-PR e veio para o Maranhão com a esposa e os dois filhos menores para
administrar a implantação dos projetos.
A primeira serraria, pioneira na região, foi
implantada na estrada que liga Encruzo a Santa Helena num Povoado chamado Santo
Antonio. Recebeu o nome de SANTEL (Madeireira Santa Helena), iniciou em 71 e em
74 já vendia madeira serrada (as máquinas funcionavam a vapor).
Em 1979, em virtude de desavenças, Emmanoel
Farah saiu da sociedade desse grupo e monta a COMASA (comércio de Madeira
Sociedade Anônima), em sociedade com um grupo cearense, do qual fazia parte o
empresário Omar Herak, nascendo assim a primeira serraria de Encruzo. Começava
então a devastação das florestas dessa região e o início da atividade
madeireira, gerando o desenvolvimento de Encruzo.
Em 1976, foi construída a primeira escola
“Francisco Pereira e Araújo”, na administração do prefeito Adélio Freitas
Carvalho de Cândido Mendes. Recebeu esse nome em homenagem a um dos primeiros
prefeitos do município sede. A escola possuía apenas duas salas de aula com
aproximadamente 12 a 15 alunos cada. À noite, funcionava o MOBRAL para os
adultos e como não existia energia elétrica na época, usava um gerador de
energia de propriedade do Sr. Pedro, para iluminar a escola.
A referida escola teve como primeiras
educadoras as Sras. Nair Caldas (já falecida) que foi a primeira professora do
município e Hermínia Gomes Santiago que é professora do Estado e prestava
serviço pelo município e que ainda hoje contribui para a educação.
No dia 16 de outubro de 1974, foi celebrada a
primeira missa do povoado de Encruzo, pelo Padre Geovane do município de Luís
Domingues. A cerimônia religiosa foi celebrada em frente à casa do Sr. Noberto
Bispo Pereira, na hoje Avenida Emmanoel Farah.
Em 1977, foi inaugurada a primeira farmácia
de nossa cidade, de propriedade do Sr. Osmar Lucena e se chamava “Farmácia
Lucena”. Ele aplicava injeções, media pressão e receitava remédios e os casos
mais graves eram encaminhados para Zé Doca, pois não havia médico em Encruzo.
Em maio de 1982 com a chegada de Dr. Brênio e
sua esposa Drª. Regina é inaugurado o primeiro hospital do povoado de Encruzo.
Ficava na COMASA, era de madeira com capacidade para 10 leitos e o atendimento
era exclusivamente particular. Depois passaram a trabalhar com um plano de
saúde chamado S.O.S PROBEM (Sistema Objetivo de Saúde) a partir de 1983.
Mantiveram também contrato de atendimento dos funcionários da COMASA. Um ano
depois da chegada de Dr. Brênio e Drª. Regina, chegou Willame Amorim que
construiu o hospital Amorim. Esse hospital funcionou apenas dois anos.
Em 1984, mudaram do hospital de madeira para
onde está o atual. Trouxeram outro médico, Dr. Carlos Alberto Bogea e uma
bioquímica Drª. Helda Aparecida dos Santos Barboza.
Em 1987, fizeram um convênio com o INPS,
atual SUS, e passaram a atender toda a população de Encruzo.
Ainda na década de 80, em 1985, Omar Herak
instala o primeiro posto de gasolina de Encruzo, que se chamava PETROMAR, hoje
POSTO MAGNÓLIA.
EMANCIPAÇÃO POLÍTICA
Encruzo foi um dos 81 povoados que foi
emancipado no ano de 1994, da cidade de Cândido Mendes, que fica a 120 km de
distância. Uma cidade que foi criada no dia 22 de Novembro de 1984.
O movimento pela independência de Encruzo
teve início nos anos 90 e teve como principais líderes os Srs. Emmanoel Farah
(já falecido), Deputado Carlos Braid, NONATO HOLANDA, Dr. Brênio e outros. Em
19 de Junho de 1994, aconteceu a consulta plebiscitária, na qual quase 100% dos
eleitores votaram a favor da emancipação política do nosso município.
Conforme o Diário Oficial, Encruzo foi emancipado
na Quinta-feira, dia 10 de Novembro de 1994, pela Lei Estadual nº 6.174.
Recebendo o nome de Governador Nunes Freire, em Homenagem ao 10º ex governador
do Maranhão, Dr. Osvaldo da Costa Nunes Freire, já falecido.
Em 1º de Janeiro de 1997, foi instalada a
cidade de Governador Nunes Freire, três anos depois da emancipação política. A
nossa cidade já contava com dois Poderes: o Poder Executivo e o Poder
Legislativo.
OBS: Isso é parte de um trabalho feito por mim e outras pessoas, que nos deu
a oportunidade de entrar em contato com pessoas vindas dentre a maioria
desconhecida do povo, que trouxeram a história para dentro da comunidade,
pessoas idosas que propiciaram a compreensão entre gerações e que contribuíram
com suas memórias para formar seres humanos mais completos. Esperamos que essa
obra seja vista como uma lembrança de que pessoas, muitas vezes chamadas de
comuns, são, na verdade, especiais, porque trazem consigo as memórias de suas
vidas, cheias de sonhos e frustrações, mas, sobretudo, cheias de lutas em busca
de um futuro melhor para si e para as pessoas de sua comunidade e por um
Brasil, mais humano, mais justo e com perspectivas de um futuro mais
verdadeiro.
O que é BOM DURA PARA SEMPRE!
TEXTO: BLOG JARIVÂNIO.COM
PESQUISA FEITA POR VÁRIOS PESQUISADORES DA PRÓPRIA CIDADE DE NUNES FREIRE
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